ATA DA QUADRAGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 04.12.1990.

 


Aos quatro dias do mês de dezembro do ano de mil novecentos e noventa reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quadragésima Primeira Sessão Solene da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura, destinada a homenagear a Associação Riograndense de Imprensa, pelo transcurso do Qüinquagésimo Quinto Aniversário de Fundação, e à entrega do Título Honorifico de Cidadão Emérito ao Jornalista Antonio Firmo de Oliveira Gonzalez, concedido através da Resolução nº 1074, de mil novecentos e noventa. Às dezessete horas e vinte e dois minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e persona1idade presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Jornalista Antônio Firmo de Oliveira Gonzalez, Presidente da Associação Riograndense de Imprensa, Homenageado neste ato; Jornalista Wilson Müller, representante da Rede Brasil Sul de Comunicações, RBS; Jornalista Norberto Silveira, Presidente em exercício do Conselho Deliberativo da Associação Riograndense de Imprensa; Jornalista Helmuth Schmidt Print, Presidente da ADJORI; Tenente Evandro José Horn, representando o Comando Geral da Brigada Militar; Ver. Lauro Hagemann, 1º Secretário. Após, o Sr. Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Antonio Hohlfeldt, em nome da Bancada do PT, relembrou a figura de Alberto André, falando da atuação de S.Sa. como Jornalista e Vereador desta Casa. Discorreu sobre a história da Associação Riograndense de Imprensa, em especial sobre sua atuação durante o difícil período da ditadura militar e, ainda, comentou a participação do Jornalista Antônio F. de Oliveira Gonzales na área de formação e valorização da profissão de Jornalista. O Ver. João Dib em nome das Bancadas do PDS e do PFL, dizendo ser associado da Associação Riograndense de Imprensa, falou de sua satisfação com a Sessão Solene ora realizada, dedicada a homenagear o transcurso dos cinqüenta e cinco anos de fundação da Associação Riograndense de Imprensa, e à entrega do Titulo Honorífico de Cidadão Emérito ao Jornalista Antônio F. de Oliveira Gonzalez, comentando o trabalho levado a efeito pelo Homenageado, em prol da comunidade gaúcha e nacional, O Ver. Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PCB, comentou a importância da Associação Riograndense de Imprensa para a sociedade atual, analisando o papel sempre por ela desempenhado em prol da liberdade e dos direitos dos indivíduos, como integrantes de um todo coletivo. Falou de sua relação com o Jornalista Antônio F. de Oliveira Gonzalez, destacando a árdua tarefa por ele assumida ao substituir o Jornalista Alberto André na presidência da Associação Riograndense de Imprensa. O Ver. Omar Ferri, em nome da Bancada do PSB, falou de sua admiração pela Associação Riograndense de Imprensa, parabenizando-se com essa Entidade pelo transcurso de seu aniversário de fundação. Destacou sentir-se esse Legislativo honrado com a Sessão Solene hoje realizada, congratulando-se com o Ver. Valdir Fraga pela proposição da presente homenagem. E o Ver. Valdir Fraga, como autor da proposição e em nome das Bancadas do PDT, PMDB e PL, dizendo ser a Associação Riograndense “uma guardiã da liberdade de expressão e patrimônio do ser humano”, relembrou o grande número de personalidades que já integraram essa Associação, falando, em especial, sobre a atuação do Jornalista Antônio F. de Oliveira Gonzalez, atualmente na sua direção. Em prosseguimento, o Sr. Presidente procedeu à entrega do Titulo Honorífico de Cidadão Emérito ao Jornalista Antônio Firmo de Oliveira Gonzalez e concedeu a palavra a S.Sa. que, em seu nome e em nome da Associação Riograndense de Imprensa, agradeceu a homenagem prestada pela Casa, discorrendo sobre sua vida profissional e analisando os princípio básicos que levaram a fundação da Associação Riograndense de Imprensa, princípios esses pautados pela busca da assistência social e do aperfeiçoamento profissional de seus associados. Às dezoito horas e trinta e um minutos, o Sr. Presidente agradeceu a presença de todos e, nada maia havendo a tratar, levantou os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Valdir Fraga e secretariados pelo Ver. Lauro Hagemann. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por min.

 


O SR. PRESIDENTE: Damos início a esta Sessão Solene destinada a homenagear a Associação Riograndense de Imprensa, em razão dos seus 55 anos de existência, e a proceder à entrega do título honorífico de Cidadão Emérito ao Jornalista Antônio Firmo de Oliveira Gonzalez, atendendo proposição deste Vereador, a qual foi aprovada pela unanimidade desta Casa.

Concedemos a palavra ao Ver. Antonio Hohlfeldt, em nome da Bancada do PT.

 

O SR. ANTONIO  HOHLFELDT: Exmo Sr. Presidente, Ver. Valdir Fraga; meu prezadíssimo companheiro, meu amigo muito especial Antônio Firmo de Oliveira Gonzalez, acima de tudo meu Diretor; meu prezado companheiro jornalista Wilson Muller; companheiro Norberto Silveira, tantos anos juntos nesta profissão muitas vezes difícil; companheiro jornalista Helmuth Schmidt Print, Presidente da ADJORI;  Tenente Evandro José Horn; Ver. Lauro Hagemann – com quem iniciei nas lides sindicais, através do Sindicato dos Jornalistas, na Direção, fiz chapas com ele alguns anos atrás – demais companheiros aqui presentes. Sem dúvida nenhuma foi sábia a decisão da Presidência da Casa ao programar, numa única Sessão Solene, a múltipla homenagem aos 55 anos da Associação Riograndense de Imprensa e ao jornalista Antônio Firmo Gonzalez. Não apenas porque o Antoninho, todos nós conhecemos, é o Presidente da ARI, quanto pelo fato de que a ARI nós sempre vamos juntar e evocar a figura do Alberto André, seu fundador, seu idealizador e o homem que sem dúvida nenhuma conduziu os destinos da nossa Associação praticamente até nesse ano, quando o Antônio Gonzalez o substituiu. Do Antoninho se poderia falar muitas coisas, todas de bem, diga-se de passagem, poderia se falar por exemplo de todas as lutas que ele desenvolveu, mas antes de tocar nesse assunto eu queria dizer que a cada semana, a cada mês que a gente encontra o Antoninho vivo a gente se surpreende, porque podendo substituir a qualquer momento um Ayrton Senna, ou qualquer outro “ás” dos nossos carros velozes, com a quantidade de acidentes automobilísticos que o Antoninho já experimentou, viajando de um lado para outro nesse Estado, indo a Santa Maria, ou vindo de Caxias do Sul, correndo nessa cidade para poder atender simultaneamente a todas as solicitações que lhe são feitas. Realmente são histórias que o Antônio sem dúvida nenhuma fica devendo algum dia numa grande reportagem num livro de memórias: como se escapou de tudo e continuou liderando os nossos movimentos? Queria trazer essa memória inclusive para marcar e registrar esse aspecto da personalidade do Antônio Gonzalez, que é uma figura extremamente irrequieta, dinâmica de iniciativas permanentes em toda a nossa área profissional. Aliás, cada um ao seu modo, e eu me permito aqui, Antônio, relembrar através da ARI a figura de Alberto André, porque embora ausente fisicamente, hoje nesta Sessão sem dúvida nenhuma o Alberto André sempre é a nossa Associação Riograndense de Imprensa. Mas ao ver que tu estás presente, tu recebes hoje também uma homenagem, e eu me permiti juntar a figura do Alberto a tua. Para lembrar exatamente que estas duas personalidades no jornalismo do Rio Grande do Sul são figuras extremamente importantes para todos nós. Do Alberto André - e daí a minha ligação com a Associação Riograndense de Imprensa – há também a ligação com esta Casa, como Vereador e uma prestação de serviços que o Alberto fez enquanto jornalista nas páginas do “Correio do Povo”. E, aliás, acho que foi por aí e muito que também surgiu a minha relação com o jornalismo. Eu lembro que, ainda menino, lia as reportagens de Alberto André, que se estenderam até poucos anos, até o fechamento do Correio do Povo, sobre a Cidade de Porto Alegre, numa espécie de uma extensão do trabalho que havia desenvolvido como Vereador nesta Casa.

Por outro lado, a ARI, a Associação Riograndense de Imprensa, em determinado momento, ou seja, nos anos 60, teve um trabalho extremamente importante juntos aos estudantes do 2º Grau, dentre os quais eu me incluía e, certamente, muitos outros companheiros, e creio entre outros o Ver. Adroaldo Corrêa, que inclusive me deu a honra de abrir mão da sua indicação pela nossa Bancada do Partido dos Trabalhadores para que eu falasse na tarde de hoje. É que lá no Julinho, como em outros colégios, a ARI desenvolvia cursos de introdução ao jornalismo, e foi assim, dessa maneira, que eu me aproximei do jornalismo.

Eu que imaginava algum dia me tornar escritor, dentro daquelas idéias de um guri saído da Vila do IAPI. E aprendendo nesses cursos de jornalismo a gente foi se aproximando da Associação, que tinha um espaço para os estudantes, que chamava os estudantes. Foi lá que eu comecei a descobrir os concursos de reportagens da ARI; foi lá que a gente começou a encontrar uma biblioteca excelente que a Associação mantém à disposição dos seus associados. Mas foi lá, sobretudo, que a gente começou a conhecer mais de perto os assuntos, se aprendeu a entender melhor essa função sui generis que tem a ARI, que tem, entre seus credores, entre outros, uma pessoa como o Enio Rockembach, que está aqui na Casa, aqui no Plenário, que também é uma figura que permanentemente tem participado de todo esse movimento. Numa sociedade dividida em classes como a nossa, a ARI não se afastou da questão, mas procura resolvê-la de uma maneira diferenciada, até de uma maneira meio simplista, nem a favor de um, nem a favor de outro, mas a favor de todos nós, e sobretudo em nome dos receptores da informação, do leitor, do ouvinte, do espectador, a ARI sempre se fez presente através de Alberto André e Antônio Gonzales, que conseguiram desenvolver no Rio Grade do Sul uma história do movimento de comunicação, que é extremamente interessante. Eu acho que é um exemplo único em termos de Brasil, e é bom que se lembrem que a nossa profissão recebeu legalização num período difícil da história brasileira, logo após a morte de um segundo general, depois de 1964, e isso colocou em discussão a legalidade da nossa profissão. Volta e meia enfrentamos esse desafio de quererem acabar formalmente com a nossa profissão. E nesse sentido sempre houve a participação de Antônio Gozales, porque ele lutou pela dignidade da profissão, através da sua formação no espaço da educação, no espaço da universidade, no espaço da formação de mão-de-obra qualificada. Discutindo, aceitando a crítica, liderando movimentos, por vezes divergindo, e acho isso fundamental, o Antônio Gonzalez, de um modo geral, sempre levou à frente aquela luta que nós havíamos decidido no interior da categoria. Inclusive me lembro, acompanhei de perto, porque já era professor na Faculdade, a luta pelos currículos mínimos dos nossos cursos, que foi, também, uma questão fundamental. São coisas que, obrigatoriamente, estão presentes na figura de Antônio Gonzalez, o Antoninho, que divide tempo com a PUC, com a FAMECOS, que corre para Pelotas, que garantiu uma estruturação em Santa Maria, que, hoje, participa da formação dos cursos em Caxias do Sul, que participou da ADJORI, trabalha no Turismo, que deu uma contribuição à Administração Estadual, na Administração Pedro Simon, e que, sobretudo com a ARI sempre manteve uma luta fundamental em prol da nossa profissão.

Esta Casa é uma casa política. Esta Casa é uma casa que tem relação direta com o meio de comunicação. Por isso, me parece extremamente importante a homenagem aos 55 Anos da ARI - Associação Riograndense de Imprensa - e sobretudo a homenagem a Antônio Gonzalez, o Antoninho, porque todos nós que trabalhamos com ele, todos nós que fomos ou não seus alunos, amigos, seus companheiros, eu queria relembrar, faço um parêntese, o episódio da greve da Caldas Júnior, o episódio, onde, de uma certa maneira, só o Antônio e eu tínhamos uma posição semelhante, porque nós tínhamos avaliado o início da greve da Caldas Júnior, e que dificilmente teria uma volta atrás. E foi desta nossa participação que se chegou a uma decisão determinada, e uma decisão determinada que teve, depois, a participação do Ver. Valdir Fraga. Uma participação extremamente importante, porque foi aqui nesta Casa que o Fundo de Greve da Caldas Júnior encontrou o seu primeiro grande alento na figura do Ver. Valdir Fraga, que abriu espaço nesta Casa e nós, praticamente, da Caldas Júnior, constituímos a Câmara como o nosso espaço referencial, a partir dos mandatos do Ver. Lauro Hagemann e meu aqui dentro. Então, me parece que é uma relação não sei se umbilical, mas, sem dúvida, uma relação política no sentido mais amplo, extremamente importante, numa série de acontecimentos que envolvem a nossa profissão. No meu caso pessoal, que estou Vereador, como costumo dizer, mas sou acima de tudo e permanentemente um jornalista. E aqui falo em nome nos meus companheiros, do partido dos Trabalhadores, ao Antônio na sua personalidade, na sua individualidade, do homenageado, mas também a nossa Associação Riograndense de Imprensa, o nosso carinho, o nosso respeito e, sobretudo, a nossa torcida para que este papel e esta história continuem muitos anos ainda, lado a lado com a história desta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Dib, em nome das Bancadas do PDS e do PFL.

 

O SR. JOÃO DIB: (Menciona os componentes da Mesa.) Meus senhores, minhas senhoras; meu caro Rockembach, figura imprescindível na ARI, eu também hoje me sinto um pouquinho homenageado. Aprendi com um dos Vereadores que mais marcou a existência da Câmara Municipal, tanto que esta Casa leva o seu nome, o Ver. Aloísio Filho, que toda vez que alguém de uma entidade era homenageado, a entidade crescia e todos que a ela se ligavam também cresciam um pouco. É uma das coisas que me orgulho é de ser sócio da ARI há mais de 40 anos com o numero 758 e hoje, até, com mais orgulho de ser sócio benemérito desta entidade profundamente representativa na história do Rio Grande do Sul. Muitas coisas extremamente importantes aconteceram lá com a presença do nosso querido Alberto André, e também com a presença do nosso Antoninho, do Enio e de outros tantos amigos que sempre estão presentes, porque sempre as entidades têm algumas pessoas que as levam nas costas, têm algumas pessoas que buscam soluções para as mesmas e essas pessoas mudam os quadros, mas sempre são as mesmas, sempre são poucas, criticadas quando não gostamos do que fazem, porque não fazem como gostaríamos que fizessem, mas não recebem o nosso apoio e não aplaudimos quando, numa sucessão de acertos, nós entendemos que era rotina e devia ser assim. Então, é importante quando uma entidade comemora 55 anos e, diferente das pessoas, ela se torna mais jovem, mais forte, mais poderosa - porque há algumas pessoas que dão todo o seu empenho para que esta entidade realmente tenha força e, à medida que o tempo passa, ela seja mais útil à coletividade. Mas, além de tudo, nós estamos aqui comemorando os 55 anos da ARI, homenageando o Antoninho, dando-lhe o título de Cidadão Emérito. O Antoninho jornalista, o Antonio professor, o Antoninho sindicalista, o Antoninho homem de relações públicas presente a todos os apelos que a coletividade lhe faz para que ele dê sua parcela de colaboração, a sua participação desinteressada e, como disse o Antonio Hohlfeldt, o outro Antoninho, correndo este Rio Grande, buscando dar a sua colaboração para que outras pessoas possam ter oportunidade. E, agora, mais uma responsabilidade lhe é atribuída: recebe o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre, com toda a justiça. Mas este título, Antoninho, significa mais responsabilidade. E nós, que conhecemos o homenageado, sabemos que ele fará muito mais ainda pela coletividade a que ele pertence e a coletividade a que ele pertence é o Rio Grande todo dando o seu trabalho incansável, o desprendimento da sua pessoa em relação aos que o cercam, quer seja com alunos, colegas, pessoas na rua, colocando os seus problemas. Então, é mais uma responsabilidade, meu caro homenageado. Mas nós, que acreditamos que o grande perigo da atualidade é o cansaço dos bons, sabemos que Antoninho Gonzales não vai cansar, vai continuar dando a sua contribuição para que esta sociedade em que nós todos vivemos, possa um dia respirar melhor, possa ser mais feliz, porque é com o esforço de pessoas como o nosso homenageado de hoje, que a sociedade pode crescer. Ao homenageado, os nossos cumprimentos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pele orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PCB.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: (Menciona os componentes da Mesa.) Nunca é demais se homenagear a ARI pelo que ela representa para a sociedade deste Estado. A ARI é um dos pilares da sociedade civil e, como tal, tem procurado se comportar ao longo desses 55 anos. Falo, nesta Sessão, com muita emoção, porque, pessoalmente, já pude comprovar o que a ARI significa para a sociedade, como um todo, e para os indivíduos, particularmente, não só para os jornalistas. O meu partido, quando na clandestinidade, na ilegalidade, teve, inúmeras vezes, a cobertura da ARI, não porque a ARI fosse simpática ao partido Comunista, mas porque ele era integrante da sociedade, embora considerado ilegal, parte atuante da sociedade, e como tal, merecedor da defesa que lhe fazia a ARI para que ele pudesse exercer a sua opinião. No meu caso particular, por ocasião da minha cassação, obtive a defesa da Associação Riograndense de Imprensa. Mas não é só por estes acontecimentos. A ARI ao longo destes 55 anos desempenhou este papel e obteve o reconhecimento da sociedade. Hoje é difícil dizer-se em algum lugar deste Estado, para alguém, citando o nome da ARI que não a conheça. E particularmente uma pessoa que já foi citada, aqui, se confunde com a história da ARI nestes últimos 30 anos. É o seu ARI. Nome pelo qual muito é chamado o Dr. Alberto André. Vereador desta Casa, jornalista. Uma figura que nos merece a maior consideração porque, mesmo atuando em outros âmbitos da corporação jornalística, que é o sindicalismo, nós não podemos nunca deixar de considerar a Associação Riograndense de Imprensa como um fórum diferente. Nos nossos sindicatos, nas nossas associações corporativas nós tratamos dos interesses da categoria. Mas na ARI nós tratamos dos interesses da coletividade. Esta é a grande diferença entre a Associação Riogandense de Imprensa e as entidades corporativas dos jornalistas. Os sindicatos das associações de classe. E assim como Antoninho, eu e outros companheiros, nós tivemos, não só a necessidade, mas a tarefa de funcionar nestes dois âmbitos, Antoninho foi Presidente do Sindicato dos Jornalistas. Eu mesmo fui Presidente do Sindicato dos Jornalistas. Ajudei, com os companheiros, a fundar o Sindicato dos Radialistas, e ele foi fundado lá na ARI. O Sindicato não tinha sede e a ARI nos cedeu temporariamente as dependências da entidade para nós construirmos o sindicato. E assim outras entidades nasceram ali na ARI. Então, há esta íntima ligação com a sociedade.

O próprio Dr. Alberto André, que por mais de trinta anos foi Presidente da entidade, foi Vereador nesta Cidade. Há uma relação política muito íntima entre a ARI, os jornalistas, a Casa dos Jornalistas e a Cidade. Daí porque eu sempre repito que todas as vezes em que se homenageia a Associação Riograndense de Imprensa se presta um serviço à coletividade e se reconhece o trabalho de uma entidade. De outra parte, hoje se entrega o título de cidadão emérito a Antônio Firmo de Oliveira Gonzalez, a figura que coube suceder Alberto André na Presidência da ARI. Não é uma tarefa fácil, mas o Antoninho já enfrentou tantas dificuldades na sua vida profissional que mais esta não lhe fará diferença, e sobretudo será necessário contar com a ajuda de todos os companheiros jornalistas para que ele leve esta gestão a bom termo.

Conheço a ARI e o Antoninho há muitos anos, o que diz o velho ditado espanhol, que “o diablo é mais diablo por velho do que por diablo”. E a gente já está chegando à situação de diabo velho, que é dupla condição de diabo. Conheço a ARI desde os tempos do Cícero Soares, isso faz muito tempo. Tem alguns jovens colegas que não lembram mais desse tempo. São mais de 30 anos, quase 40, depois veio o Dr. André, agora vem o Antoninho Gonzales, o largo espectro da vida não de cada um de nós, mas também de cada um de nós, mas sobretudo da Cidade. Morei ao lado do prédio da ARI, fiz parte de uma entidade de radialista que se reuniu, na impossibilidade de outros horários, às 6 horas da manhã, durou pouco a AGRA, Associação Gaúcha de Radialistas. Logo em seguida foi fundado o Sindicato dos Radialistas, são histórias que a gente tem para contar. Depois nós nos encontramos na Caldas Júnior, o Antoninho na Folha da Tarde, vários companheiros exercendo as suas atividades: o Antonio Hohlfeldt, na Caldas Júnior; o Enio Rockemback, nos tempos da Farroupilha, da Fundação do Sindicato. Depois do incêndio da rádio nos reunimos no Centro Pedritense para fundar a Associação Profissional dos Radialistas de Porto Alegre. Este registro ficou esquecido nas gavetas da Delegacia Regional do Trabalho por mais de dez anos, quando lá fomos desentocá-lo e apressar o processo de criação do Sindicato dos Radialistas. São episódios da vida da Cidade e de cada um de nós sempre em defesa da categoria, tão duramente castigada pelos seus baixos salários, pelas condições adversas do exercício profissional, pelo perigo permanente. Quantas vezes, como Presidente do Sindicato, fui acompanhar companheiros indo presos ou buscá-los! Isto não aconteceu só comigo: o Dr. André cansou de ir tirar gente da cadeia. Então são estas coisas que fazem a vida da entidade e das pessoas. Não há homenagem - pode haver tão justa - mas é justíssima esta homenagem que se presta ao cidadão Antônio Firmo de Oliveira Gonzalez, considerando-o Cidadão Emérito desta Cidade, um título dado por esta Câmara, que é composta na sua heterogeneidade também por jornalistas, mas o mérito do Antoninho não é só por ser jornalista, sobretudo por ser um cidadão prestante: no jornalismo, na educação, na condução das entidades que defendem os jornalistas e conseqüentemente na defesa da sociedade. O Antoninho é mais como se fosse um Vereador desta Cidade. É nesta condição que o saudamos como o novo Cidadão Emérito da Cidade, augurando que tenha uma longa vida a nos ajudar a receber as suas lições e o seu trabalho. Meus parabéns. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Omar Ferri, em nome da Bancada do PSB.

 

O SR. OMAR FERRI: (Menciona os componentes da Mesa.) Meus senhores, minhas senhoras, Vereadores, demais autoridades presentes. Posso dizer que pouco conheço da ARI, pessoalmente, em matéria de envolvimento pessoal com a entidade, mas há muitos anos, talvez mais de 30 anos, aprendi a admirar esta Associação, e é com muito prazer que, pessoalmente – digo pessoalmente porque já não sei se amanhã poderia representar o PSB, então aproveito – hoje ainda em nome do meu partido, me congratulo, efusivamente, com a ARI. Principalmente porque, não só pelo ex-vereador Alberto André, que sempre foi paradigma de jornalista, de homem público e de Vereador, mas pela informação recebida do Ver. Hohlfeldt, que me informou, há pouco, que o Sr. Érico Veríssimo, alternada, ou episodicamente, também foi seu Presidente. Então, entendo que sumamente honroso, para ti, Gonzales, estar sentado, hoje, na cadeira em que grandes vultos da história e da literatura do Rio Grande do Sul sentaram. Mas isso não significa que a cadeira esteja sendo ocupada hoje por alguém sem os méritos e as grandezas de seus antigos ocupantes. Eu posso falar tranqüilamente de uma amizade com o Antônio Gonzalez há mais de trinta anos. Venho acompanhando a sua trajetória, a sua carreira, a sua caminhada e sei que ele honra não só a entidade que ele dirige, mas principalmente é um dos mais notáveis e brilhantes jornalistas do Estado do Rio Grande do Sul. Por isto que esta Casa hoje se sente duplamente recompensada e gratificada em homenagear ao mesmo tempo o Presidente da Associação Riograndense de Imprensa e um Cidadão Emérito do Município de Porto Alegre.

Eu não sei, mas esta Casa, hoje, sente-se muito orgulhosa e muito honrada e aplaude, louva o seu Presidente que em tão boa hora foi sensível em conceder este título a S. Sª. Falo com muito agrado, com muito prazer, com muita satisfação, e desejo a ti, Antoninho, se não erro foi também professor de uma filha minha, desejo a ti toda a felicidade do mundo, e que tu pelo menos guarde estas palavras. Tu fostes um exemplo de dignidade profissional para todos nós. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Falo em nome das Bancadas do PDT, PMDB e PL. Nosso homenageado, Antônio Firmo de Oliveira Gonzalez, a grande autoridade nesta tarde, mas a nossa Associação Riograndense de Imprensa completa, dia 19 próximo, 55 anos de existência. Falar sobre a ARI é lembrar a própria história. Está escrito aqui, mas a história já foi contada aqui pelo Lauro, pelo Antonio Hohlfeldt, eu não vou repeti-la.

Esses têm a história de cadeira, pessoas também que honram o nosso jornalismo, honram aqui as suas cadeiras, como Vereadores, pois a ARI, guardiã da liberdade de expressão, é um patrimônio do ser humano, ela é embalada desde os seus primeiros instantes de vida, no berço do talento de homens da estirpe, como eu pensei que alguém não lembrasse, de Érico Veríssimo, eu tenho aqui anotado, Manoelito de Ornellas, Arlindo Pasqualini, o Lauro Hagemann lembrou Cícero Soares, e outros. Nesses outros eu coloco o nosso querido Alberto André, já com seu 75 anos, ex-Presidente desta Casa, ele deve ter sentido e ainda sente o mesmo amor que nós temos pela Casa, a mesma paixão, imagino, por aquele ser humano maravilhoso que é Alberto André. Não tem quem não o admire, aqueles passos curtos, a cabeça erguida, onde a gente encontra com ele, sempre estamos diante, parece que é Cristo, não aquele que está com os braços abertos, mas um Cristo que não vai precisar daquele jeito, mas sim caminhando e nos dando esperança, com aquela sensibilidade que ele tem. Mas deixou em seu lugar um outro profissional, com riquíssimo currículo em múltiplas áreas que passam pelo magistério, os companheiros já colocaram aqui, e eu tenho no currículo.

Eu não sou o autor desta homenagem, eu estou entre eles, os seus amigos, os 33 Vereadores desta Casa, os seus alunos. Eu tenho uns amigos que diziam, o Antoninho professor, eu não sou muito ligado à Faculdade, e com o tempo eu fui saber que o Antoninho, aquele que chega na sala de aula, brinca com todos os alunos, trata seus alunos de igual para igual; é esse homem que está ao nosso lado, respeitado pelo nosso Estado e acredito que pelo País inteiro, principalmente por aquelas pessoas que lhe conhecem. Coloca um Antonio Hohlfeldt pelas suas idas e vindas por este interior levando seus ensinamentos.

Como Presidente desta Casa, eu gostaria que S. Sª também fosse professor dos meus netos, porque dos filhos já é. Desejando que ele seja o professor dos meus netos, eu desejo que tenha muitos anos honrando a nossa Cidade e o nosso Estado, e é com muito prazer que vou passar às mãos do Antônio Firmo Gonzalez o título de Cidadão Emérito da nossa Cidade, em nome de todos os companheiros. (Palmas.)

 

(É procedida a entrega do diploma ao homenageado.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Jornalista Antônio Firmo de Oliveira Gonzales.

 

O SR. ANTONIO FIRMO DE OLIVEIRA CONZALEZ: Exmo Sr. Ver. Valdir Fraga, Presidente desta Casa; meu caro jornalista Helmuth Schmith Print, Presidente da Associação dos Jornais do Interior do Estado e que teve a gentileza de, às  pressas, sair de Sarandi hoje à tarde para comparecer a esta homenagem; meu caro Jornalista Norberto Silveira, que é o Presidente em exercício do Conselho Deliberativo da ARI, substituindo momentaneamente o Prof. André, que se encontra doente; meu caro Wilson Müller, que aqui representa a Rede Brasil de Comunicações e a Associação dos Jornalistas, Escritores e Turismo, do qual é o Presidente; Tenente Evandro José Horn, representando o Comandante-Geral da Brigada Militar; meus caros Vereadores aqui presentes, meus colegas e amigos que aqui comparecem. Eu pretendia, quando compareci aqui hoje à tarde, pronunciar-me especificamente sobre a ARI. Cheguei a esboçar algumas linhas. Posteriormente achei que não seria propício utilizar um texto pré-elaborado. Registrei apenas umas esparsas anotações, mas somente sobre a ARI. Pois eis que pela gentileza dos Vereadores desta Casa, e por proposta talvez não merecida de S. Exª o Presidente desta Casa, Valdir Fraga, sou aqui acolhido com a surpresa de que esta egrégia Câmara também me concede o título de Cidadão Emérito, ao qual não pude nem cientificar os que comigo convivem na Universidade, os que comigo convivem nas diversas entidades onde eu atuo, inclusive a minha própria família e meus amigos. Ocorreu, sem dúvida alguma, um pequeno erro de comunicação, tão comum entre os que se dedicam à comunicação. Mas sei que assim como estou satisfeito, eles, ao tomarem ciência, também o ficarão, tanto os meus amigos, os meus familiares e todos que comigo convivem hão de ficar satisfeitos e reconhecidos a todos vocês.

Quero inicialmente agradecer a gentileza do Ver. Valdir Fraga, e eu o faço em nome da Entidade que é homenageada pelos seus 55 anos, em nome dos seus dirigentes, e seus conselheiros fiscais e deliberativos, os seus integrantes do Conselho de Legislação e Ética, e de todos os integrantes do quadro social e profissional. Agradeço também a sua proposição pela homenagem em transformar-me Cidadão Emérito desta Cidade, onde eu nasci, afastei-me momentaneamente, mas a que sempre amei e continuarei amando. Quero agradecer as palavras gentis do Ver. Antonio Hohlfeldt, meu colega de jornalismo, meu colega de magistério, com quem eu tive o prazer de trabalhar lado a lado na empresa Jornalística Caldas Júnior e, também, na Faculdade de Comunicação da UNISINOS e, agora, na FAMECOS. Agradeço, igualmente, as palavras do Ver. Lauro Hagemann, amigo de longa data, com quem lá pelos idos de 58, 59, lutávamos para ver reconhecidos os direitos dos jornalistas profissionais e chegamos, na época, a fundar uma entidade, sabendo que teria vida efêmera, mas que pudesse influenciar no processo e o influenciou, que foi a Associação Rio-grandense dos Bacharéis de Jornalismo, da qual ele foi o fundador, Presidente, e eu, posteriormente lhe segui os passos. Conheço o Lauro há longos anos e com ele participei de inúmeras lutas, de trabalhos, tivemos tristezas e alegrias, mas aqui chegamos juntos, e continuaremos juntos. Agradeço ao nosso associado, Ver. Dib, associado há mais de quarenta anos, e integrante não de seu quadro social, mas profissional, pois poucos sabem que o Dib, no passado, exerceu o jornalismo como revisor, e algumas rápidas atuações como repórter. Agradeço as palavras de Omar Ferri, a quem conheci em meus tempos de política universitária na PUC, DCE, UNE, o Ferri sempre atuante, muitas vezes impulsivo, mas sempre tentando resolver tudo, na época, em proveito de seus colegas; hoje, em proveito desta Cidade. Agradeço as palavras do Vereador responsável pela propositura, Ver. Valdir Fraga, grande criador, lhe serei eternamente grato pelo que faz comigo. Quero agradecer a presença de um ex-aluno, hoje na vereança, por méritos e dedicação, que é o Luiz Braz, e agradecer a presença do Ver. Adroaldo Corrêa, com quem milito há anos em jornalismo e sindicalismo. Meu caro Presidente, Srs. Vereadores, colegas e amigos presentes, gostaria de dizer alguma coisa a respeito da ARI, nós aqui estamos reunidos num momento singular, porque não sei se recebo esta homenagem em nome dos integrantes da ARI, pelos 55 anos, ou pelo seus 70 anos, eis que a ARI iniciou, praticamente, em 1920, quando foi propositura de colegas da ABI, que aqui compareceram, esta havia sido fundada em 1918, foi criada a primeira ARI, durou alguns meses, mas já foi uma tentativa dos gaúchos de, após a guerra, começar a pensar nos seus direitos de classe, de começar a pensar numa ampla liberdade de informação e divulgação. Mas, se essa durou pouco, a que foi criada em 19 de dezembro de 1935 permanece até hoje. Dele o salientou bem o Ver. Valdir Fraga e Vereadores que o antecederam, como seu primeiro Presidente, o jornalista e escritor Érico Veríssimo, que compareceu na assembléia como editor da então Revista do Globo; quem presidiu a assembléia e a formação da entidade foi um conhecido escritor, professor, jornalista, Reitor da Universidade, posteriormente, que muito nos honrou por trabalhar lado a lado conosco, como integrante dos quadros do Correio do Povo, que era Edgar Schneider. Tivemos em nossas presidências - já foi salientado, mas gostaria de citar outros - Érico Veríssimo, Dario Rodrigues, Manoelito de Ornellas, Arlindo Pasqualini, Archimedes Fortini, Adair Borges Fortes da Silva, Cícero Soares e Alberto André, que permaneceu por 34 anos na presidência. Mas durante todas essas gestões, com a participação sempre atuante dos órgãos deliberativos, fiscais e executivos, se construiu uma ARI baseada em alguns princípios básicos. Permitam-nos citar, primeiramente, a nossa área cultural: sempre a ARI esteve preocupada com a formação permanente e o aperfeiçoamento constante dos jornalistas e de outros profissionais da área de comunicação social. Temos ali cursos, seminários, simpósios, que são uma constante. Somente no presente ano foram realizados nada menos do que oito de curto e médio prazo. Temos os nossos concursos jornalísticos, que já atingem a onze, abrangendo as mais variadas áreas de atuação dos profissionais de imprensa, rádio e televisão. Procuramos fazer com que, através de uma competição saudável e altamente positiva, se consiga uma permanente evolução tecnológica, uma permanente evolução cultural, um permanente interesse pelos problemas sócio-econômicos desta terra, no de encontrarmos a solução adequada.

Temos publicações, dois convênios, um com a CORAG, para a publicação de obras literárias, outro com a Sulina, onde já editamos mais de 15 obras destinadas também a aspectos didáticos, técnicos e científicos da profissão. Temos, na área cultural ainda, os nossos fóruns de jornalismo e os almoços da comunicação que, mensalmente, fazemos com 23 outras entidades da categoria. São momentos de congraçamento, é bem verdade, mas são também, e sobretudo momentos de debate, onde procuramos enriquecer não só a nós, mas a todos os segmentos da sociedade que lá comparecem. Mas a ARI também está extremamente preocupada com seus integrantes, seus componentes. Por isto mantemos uma área de assistência social muito ampla, com médicos, odontólogos, convênios para farmácia, convênios laboratoriais, por onde, ou a custos irrisórios, ou a custo zero, mensalmente, dezenas e dezenas de colegas são atendidos. Sim, temos uma entidade hoje em dia rica pelas suas realizações, rica pelo seu patrimônio, construída com o sacrifício de todas as categorias que a integram, sejam elas profissionais, empresariais, eis que praticamente sobrevivemos de mensalidades e aluguéis, muitos deles a título praticamente simbólico, por estarem algumas das unidades ocupadas por entidades co-irmãs que não teriam condições de pagar mais do que pagam. Se temos este patrimônio todo, um edifício na Borges de Medeiros, que mantemos, repito, à custa de trabalho, para conservar isto tudo temos apenas três funcionários, o resto tudo é trabalho dos que ali comparecem, dos que ocupam diretorias, assessorias e, por extensão, de todos os nossos associados. Mas a ARI, através dos tempos, transcreveu a sua função de ser uma instituição congregadora de empresários e profissionais das diferentes áreas de comunicação, para se tornar entidade representativa de toda a coletividade porto-alegrense de toda a comunidade deste Estado. Hoje integramos, por lei, dezesseis colegiados do Governo Municipal e do Governo Estadual, onde nossos representantes comparecem a todas as reuniões, dando a sua colaboração, examinando processos, fixando pareceres no sentido de prestar uma contribuição decisiva às diversas entidades, aos diversos órgãos públicos a que pertencem. Hoje representamos não somente jornalistas, publicitários, relações públicas, empresários, representamos meu caro Presidente, meus caros Vereadores, a toda a sociedade e trabalhamos e procuramos trabalhar muito por ela. Mas um dos principais motivos da existência da ARI é a luta permanente pelos profissionais. Colaboramos praticamente em todas as regulamentações da área. Especificamente por delegação da entidade, também representando o sindicato do jornalismo profissional do qual fui Presidente, e, posteriormente inclusive a Fenaje, da qual por delegação de colegas fui vice-presidente por duas gestões. Participamos ativamente da regulamentação dos jornalistas profissionais, que hoje se quer atingir, mais uma vez, de uma maneira arbitrária, de uma maneira insensível, pois esta regulamentação, assim como todas as outras áreas de comunicação social foram resultado de estudos procedidos por profissionais, com a participação de empresários, com a participação de representantes do governo, com a participação de representantes da sociedade Quando se procura atingir a nós através de absurdas proposições, e tentaremos impedir sejam concretizadas através do concurso profissional, não se atinge tão-somente aos integrantes da comunicação social. Está-se atingindo a coletividade. Nós queremos apenas, não impor, mas estabelecer determinadas normas a fim de que não se atue com corporativismo. Comunicação senão só fazemos nós, não. Todos têm direito a participar. Mas entre os que têm atribuição específica do trabalho do dia-a-dia, sejam escolhidos os melhores para que o público receba uma comunicação adequada e compatível com os seus desejos. Mas um dos objetivos básicos da Associação Riograndense de Imprensa é a liberdade de informação e divulgação. Ainda no último dia 10 de setembro, tornamos público o manifesto que está a merecer o reconhecimento deste Estado, o reconhecimento deste País. Onde estabelecemos, fixamos, o que entendemos por liberdade de informação e divulgação. Entendemos que essa liberdade não pertence a nós, os profissionais da área, não pertencem aos proprietários de veículos, não pertence aos eventuais colaboradores. Entendemos que o direito à informação e divulgação é o direito da sociedade; e, nós, empresários e profissionais da comunicação, agimos apenas de forma tácita como representantes da sociedade, no sentido de buscarmos uma informação correta para prestarmos informações compatíveis com o que deve merecer a coletividade. Esse é o ângulo pelo qual defendemos a liberdade de informação. Por isso, quando nos censuram, nos agridem, não estão a censurar os jornalistas, os veículos, estão a censurar a toda a coletividade. Meus caros Vereadores, meu Presidente, meus colegas e amigos, não posso dizer que a homenagem que me prestaram especificamente foi uma surpresa. Sabia que disso se estava a cogitar, quando me solicitaram o currículo, evidentemente, com os 3 anos e tantos de experiência que se tem dentro do jornal, com pessoas de rádio, jornal e na educação, chega-se a determinadas conclusões. Fui colhido apenas com a data de hoje, a escolhida, e não o saberia antes de ingressar nesta sala, não fosse uma indiscrição de meu colega e amigo Adroaldo Corrêa, meu fraternal amigo. Bem, mas aqui estou para receber, com satisfação, como já disse, esta homenagem. Não sei a que estão a homenagear: se estão a homenagear o jornalista, por mais de 30 anos trabalhando em jornal, indo de repórter a diretor-editor; se estão a homenagear o professor, que atuou simultaneamente em 3 ou 4 universidades, embora atualmente esteja somente na PUCRS, onde exerço a direção da FAMECOS; não sei se estão a homenagear o sindicalista, que ocupou a direção do Sindicato dos Jornalistas, a direção na FENAJ, participou da Confederação, atualmente ainda milita como Vice-Presidente do Sindicato de Relações Públicas, colabora, de forma atuante no Sindicato dos Publicitários... Não sei... Não sei... Não sei se estão a homenagear o Juiz Classista, em Segunda Instância do TRT, não sei. Chegou uma época em que cheguei a ocupar 18 funções diferentes, apenas três remuneradas. Hoje, se não me engano, ocupo 15 e apenas duas remuneradas. Precisa-se ter duas ao menos remuneradas para tentar manter as outras treze. Devo dizer a todos que nunca trabalhei pensando especificamente em dinheiro. Se tenho alguma coisa, já tive mais ou tenho como conseqüência. Fui um homem de relativas posses, pensava em estar bem de vida, mas um aval prestado por justa causa me levou a perder tudo o que tinha ao final da vida. Não estou arrependido. Não tenho mais nada, moro em imóvel alugado e não tenho outras propriedades - mas, tenho certeza, por uma boa causa faria tudo de novo. Não espero levar desta vida bens materiais. Espero, apenas, no dia em que a deixar saber que aqui fiz tudo o que podia e se mais não o fiz foi porque talvez forças me faltaram, mas quero sair daqui sabendo ter tido a amizade de vocês, o eventual reconhecimento e a permanente crítica para que possa fazer mais. Substituo na ARI uma das figuras mais importantes e atuantes desta Cidade, que foi meu caro professor na universidade e permanente professor por toda a vida, praticamente meu segundo pai, que é Alberto André, a quem rendo homenagem aqui. Ele foi Presidente da entidade por 34 anos, praticamente nas 6 últimas gestões foi compelido a continuar, coisa que não conseguimos agora, porque se manifestava e creio que sentia o agravamento de sua saúde. Mas o nosso Presidente do Conselho e continua prestando, embora ausente da sede, a sua contribuição diária, através de sugestões, minutas para cartas, proposições, e creio que todos estimamos que isto aconteça, que retorne ao nosso trabalho do dia-a-dia dentro das próximas semanas. Fui Vice-presidente do André durante 16 anos. Quer dizer, esperei 16 anos para chegar à Presidência, não que objetivasse chegar à Presidência. Meu Vice-Presidente, um dos meus Vice-Presidentes, primeiro Ercy Torma, o outro é o Enio Rockembach, seguindo-se a ordem creio que caberia ao Ercícero o próximo Presidente. Eu esperei 16 anos para ser Presidente, eu não o queria, e nem o quero, e o Ercy me disse esses dias que com a vida que eu levo, com as quatro pontes de safena que tenho, se eu esperei 16 para ser Presidente, mas ele não deverá esperar mais que uma gestão. De maneira que com toda essa força nós continuaremos trabalhando. Mas, meus amigos, quero dizer a vocês todos, terminando por agradecer, que o Ver. Dib tem toda a razão. O título que me concederam não é motivo para se abandonar a luta, é motivo para continuar no trabalho em benefício desta Cidade, um trabalho por todo o Estado. Eu me orgulho de ser porto-alegrense. Em outras oportunidades, no passado, quando convidado para exercer funções diretivas em veículos de Rio e São Paulo eu declinei, apesar de ótimas propostas, porque disse que não trocaria Porto Alegre por nenhuma outra cidade. Me criei às margens do Rio Guaíba, posteriormente, por questões profissionais de meu pai, transferi residência para o interior do Estado, aqui retornei posteriormente para fazer o Científico e permaneço até hoje. Não trocaria, como disse, Porto Alegre por nenhuma cidade. Tem seus defeitos? Tem. Tem muita coisa a ser melhorada, evidentemente que sim. Mas seus méritos pelo que é, pelo que consiste o seu povo, pelas amizades que aqui tenho, por todos vocês, vale à pena aqui ficar para continuar trabalhando. Os representantes da nossa comunidade que são os Vereadores, o Poder Executivo, o Legislativo, o Judiciário, para que Porto Alegre cresça cada vez mais, não tanto no sentido físico, mas que cresça em bem-estar da sua população, bem-estar sócio-econômico, que é o que todos nós desejamos. Encerro agradecendo mais uma vez a  justa homenagem que tributam à ARI e a merecida homenagem que tributaram a esse profissional. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Este o nosso Antoninho. Ele queria saber o currículo aqui: um profissional de riquíssimo em sua categoria e múltiplas áreas que faz pelo magistério superior, liderança sindical, editoria de jornais, diretoria da FAMECOS e magistratura, como Juiz Regional do Trabalho da 4ª Região, é o Antoninho. Simbolizando de forma efetiva a nossa admiração pelos homens que fazem o jornal, rádio e televisão, entre nós, indistintamente componentes de uma reserva moral da melhor qualidade neste País. Eu vou simbolizá-lo nesta posição que todos estavam atentos ao teu discurso.

Lamentavelmente a Casa deveria estar superlotada, realmente, mas tem um dos Vereadores que passou o tempo todo com os olhos arregalados acompanhando o teu discurso, que o Ver. Adroaldo Corrêa, entre outros, naturalmente. Eu senti, entre os outros também a nossa paixão e a nossa consciência de um título supermerecido.

Continue conosco com o seu trabalho maravilhoso. Muito obrigado.

Encerramos os trabalhos, agradecendo a presença de todos, mas em especial ao nosso homenageado e à nossa ARI.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h31min.)

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